Luís Carlos Orcina
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Informações pessoais | ||
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Nome completo | Luís Carlos Orcina | |
Data de nasc. | 23 de setembro de 1946 | |
Local de nasc. | Santa Vitória do Palmar, Brasil | |
Local da morte | {{{cidadedamorte}}}, {{{paisdamorte}}} | |
Altura | 1.83 m | |
Informações profissionais | ||
Clube atual | Ex-atleta | |
Posição | Meio-campo | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Partidas (gols) |
1969 1970-1973 1973-1974 1974 1975 1976 1977 1978 | Brasil de Santa Vitória do Palmar Santa Cruz de Santa Vitória do Palmar Rio Branco de Santa Vitória do Palmar Farroupilha Bagé Grêmio Caxias Figueirense Bagé Sampaio Corrêa Guarany de Bagé | - (-) - (-) - (-) - (-) - (-) - (-) - (-) - (-) - (-) - (-) - (-) |
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Luís Carlos Orcina (Santa Vitória do Palmar, 23 de setembro de 1946), é um futebolista brasileiro.
Orcina iniciou a carreira jogando em clubes de sua cidade natal, Santa Vitória do Palmar. Em seguida, jogou no Farroupilha e no Bagé, onde tornou-se ídolo. Foi contratado pelo Grêmio em setembro de 1973, permanecendo até o seguinte, quando foi emprestado ao Caxias.
De Caxias do Sul, Orcina transferiu-se para Florianópolis, onde jogou no Figueirense em 1975; retornou ao Bagé em 1976. Passou por Sampaio Corrêa e Guarany de Bagé, retornando à Santa Vitória do Palmar para encerrar a carreira de jogador nos clubes da cidade.
Como treinador, Orcina foi campeão citadino de 1990 pelo Rio Branco de Santa Vitória do Palmar.
05.11.07-22h15min
ENTREVISTA COM LUIS CARLOS ORCINA
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O site jalde-negro entrevistou desta vez outra grande figura e lendário jogador do jalde-negro nos anos 70, o centro-médio (ou meia-cancha) Orcina.
Orcina jogou nas grandes equipes jalde-negras dos anos 70 e marcou época no futebol bageense e gaúcho, sendo reverenciado até hoje por antigos e jovens torcedores jalde-negros.
Abaixo, a ficha técnica de Orcina:
Luis Carlos Orcina
Data de nascimento: 23/9/46
Naturalidade: Santa Vitória do Palmar (RS)
Clubes: G. E Brasil (S. Vitória do Palmar), E.C Santa Cruz (S. Vitória do Palmar),E.C Rio Branco (S. Vitória do Palmar), Farroupilha (Pelotas, em 1969), Bagé (de 1970 à 1973), Grêmio Porto Alegrense (set/73 à 74 – nos últimos três meses foi emprestado à SER Caxias), Figueirense (Florianópolis, em 1975), Bagé (1976), Sampaio Corrêa (do Maranhão, em 1977), Guarany (1978), encerrando a carreira onde começou: em Santa Vitória do Palmar. Orcina ainda atuou como técnico de futebol pelo Rio Branco e Brasil de Sta. Vitória do Palmar, tendo sido Campeão Citadino em 1990, como técnico do E.C. Rio Branco.
Atualmente reside em Pelotas, onde se aposentou como servidor do Ibama, há quatro anos. [Na foto acima, Orcina com a camisa jalde-negra, do dia desta entrevista. Autora: Luisi Ribeiro Teixeira].
A entrevista
A entrevista foi realizada numa manhã de quinta-feira, na empresa de seu filho Rodrigo, que possui um comércio de rações no centro de Pelotas, onde Orcina ajuda bastante na administração do negócio, segundo o próprio Rodrigo.
Na manhã da entrevista, Orcina voltava de uma de suas habituais caminhadas e também fomos muito bem recepcionados pelo seu filho Rodrigo.
Ao fundo da loja, uma enorme bandeira do Rio Grande do Sul, logo acima de alguns apetrechos gaudérios, música gaúcha ambiente e o chimarrão servido.
Começamos pelas perguntas de praxe (as quais foram utilizadas na ficha técnica acima) e logo Orcina relembrava os tempos que viveu no Bagé.
- “São muitas e boas lembranças...se fosse contar tudo ficaríamos uma semana conversando”, brinca Orcina.
Como foi sua ida para o Bagé?
“Na época eu jogava pelo Farroupilha aqui em Pelotas, estava almoçando num restaurante e aconteceu de um empresário, que infelizmente não recordo o nome, me propor de ir para o Bagé”.
Até hoje não me esqueço do rápido acerto. Era carnaval, e acertei com o Mechida (Luis Carlos Alcalde, presidente do Bagé na época). No outro dia já estava em Santa Vitória do Palmar organizando minhas coisas. Foi tudo muito rápido. E tu vês só, o cara ainda é presidente, desde aquela época. “ (Luis Carlos Alcalde presidiu o Bagé em 2007).
Sobre os diretores daquela época Orcina tem boas recordações:
“Era uma época boa aquela do Bagé. Lembro de grandes diretores como o Alcalde, Fuchs e o Liáder. Junto com Galego e o nosso grupo, aquilo era uma família.”
Ainda sobre Luis Carlos Alcalde, Orcina recorda:
“O Alcalde fazia qualquer coisa pelo Bagé. Lembro de uma decisão de vaga entre Bagé e Riograndense de Santa Maria. Após dois empates em 0 x 0, a decisão foi para um campo neutro (Rio Pardo). Num lado da arquibancada uns 30 torcedores do Riograndense e do outro lado apenas o "Mechida". Quando o Bagé estava em vantagem, a bola caiu perto dele, naquela época só havia uma bola disponível, ou duas e quando a bola saía parava o jogo. A bola foi chutada pra arquibancada que estava o Mechida, bem perto dele e ele nada de devolver pro campo. Todo mundo gritando para ele pegar a bola e mandar pro campo, até os jogadores do time adversário, mas ele se fazia de desentendido, conversava com o bandeira e não ajudou a reiniciar a partida.”
Uma partida marcante:
“Tínhamos que conseguir 3 pontos em dois jogos para subir, na época a vitória valia dois pontos, não era como agora. A primeira partida era contra o Cruzeiro de Porto Alegre, e vencemos. Precisávamos então, de pelo menos um empate em Passo Fundo, contra o Gaúcho, time dos Pontes (dos irmãos Daison e João Pontes) e do Bebeto, jogo duro.
Eram 20 minutos do primeiro tempo e já estava 2 x 0 pro Gaúcho, tínhamos que empatar de qualquer jeito.
Começa o segundo tempo e Mariotte cai com os dois “Pontes” de arrasto e faz o gol. Aos 30 minutos, 3 x 1 pra eles. Descontamos de novo (3 x 2) e aos 45 minutos, o Derli, mal passa o meio campo dá uma bomba*, o goleiro era o bom goleiro Cavalheiro, a bola bate na trave, entra dentro do gol, mas sai. O bandeira deu o gol e juiz confirmou.
A festa foi grande, no vestiário e em Bagé. O Fuchs (diretor) e o Galego entraram de roupa e tudo nos chuveiros.
* a pergunta foi repetida: - passando o meio de campo? E Orcina confirma: o chute foi poucos metros depois da linha divisória.
[Foto acima: Orcina nos anos 70, na Pedra Moura. Arquivo do Jornal Minuano]
Sobre os jogadores com quem atuou no Bagé:
Orcina lembra com muita nostalgia dos amigos daquela época.
“Havia jogadores brilhantes. Jogariam em qualquer grande equipe do país.
Pra mim o Ciro foi o melhor zagueiro que vi atuar. Tinha também o Walter, o Rocha e muitos outros...além de um grande time, era uma família.
Lembro de uma do Rocha...ele havia quebrado uma costela num jogo, e acabou perfurando o rim. O rim perfurado teve que ser extraído, e o médico disse pra ele:
“O negócio é o seguinte: deves parar, agora tu só tens um”.
E quando pensavam que o Rocha ia parar, lá tava ele no campo, chegando firme, dando carrinho...e com um só rim!
Vi o filho dele [ Tiago Rocha] num jogo aqui em Pelotas...como é parecido com ele, não? Bom jogador, bom jogador...
Ainda sobre “acidentes de trabalho”, Orcina recorda de outro, ocorrido com ele:
“Em 1975 (na segunda passagem de Orcina pelo Bagé) jogávamos contra o Uruguaiana ou 14 de Julho, não tenho certeza. Numa bola levantada na área, choque casual, cabeceamos, eu e o Luis Augusto ( atacante do time adversário) . Batemos testa contra rosto. Ele saiu do campo desacordado, teve até a mandíbula quebrada. Eu desmaiei por alguns minutos, mas avisei que tinha condições de continuar, e continuei.
Só que a bola corria prum lado e eu pro outro. Tiveram que me retirar de campo e me levarem pro Pronto Socorro. Acordei no hospital ainda desorientado e achava que estava jogando no Figueirense (Orcina tinha atuado pelo Figueirense no ano anterior). A memória só voltou lá por perto da meia-noite. Até hoje o fato é confuso, não sei se realmente lembro disso, ou se foi mais o que me contam. Mas a pancada foi feia.
Situações engraçadas:Orcina diz que tem muitas histórias engraçadas vividas na época que atuou no Bagé, mas lembra particularmente de três:
“O Galego não bebia, era completamente contra bebida, e pregava isto pra nós jogadores. O problema é que por não beber nunca, em uma festa acabou ficando” alto “com apenas um único copo de cerveja”.
“Certa vez teve um churrasco, após um amistoso que havíamos realizado em Alegrete. O pessoal acabou exagerando na cerveja e os diretores queriam levar todos embora (viagem de volta). Então (viajávamos em duas Kombi), demoraram umas duas horas para encher as Kombi (risos). Era largar um dentro de um dos carros, que o do outro carro voltava para o churrasco e assim iam indo e voltando”.
“Lembro também do nosso roupeiro na época, o Elói. Ele por um motivo ou outro “embrabecia” e não queria abrir o vestiário.
Gritava: - Hoje não tem treino! (risos)
Ele morava nos fundos do campo, daí duas ou três vezes por semana tinha que ir alguém falar com ele, alguém conversa com ele e ele acaba abrindo o vestiário (risos).
Sobre o Bagé dos anos 70:
“Éramos todos “amadores” no sentido de que queríamos apenas jogar, o que importava era jogar, acima de tudo. Não nos importávamos com mais nada. Quando cheguei em Bagé, nós íamos viajar de Kombi (uma era do “seu” Jacó). Viagens longas para Itaqui, Uruguaiana, Quarai...tudo de Kombi.
E a torcida jalde-negra nesta época?
Era uma torcida muito unida, acho que mais veterana se comparado com a atualidade, formada por gente mais velha.
Como era o salário na época?
Eu não lembro a moeda, mas recebíamos semanalmente, e era pago sempre em dia. Na época não havia empresários e havia confiança.
Lembro que quando fui para o Sampaio Correia (Maranhão) eu mesmo negociei com eles a minha venda e o Júlio Machado (diretor do Bagé) pediu que eu recebesse o dinheiro do meu passe (que pertencia ao Bagé) e depois depositasse a quantia na Federação Gaúcha. Fechei o negócio e enviei o dinheiro ao Bagé...hoje em dia isso é muito difícil de acontecer.
Futebol atual x Futebol nos anos 70:
“Hoje em dia no futebol tu tens que ser muito mais atleta, os espaços diminuíram, a competitividade é enorme. Nos anos 70 o mais comum era jogar no 4-3-3 clássico, 4-3-3 mesmo, real. Jogavam com um centro-médio e dois meias.
O senhor costuma acompanhar o futebol atualmente?
Pela televisão assisto de tudo, bastante futebol europeu, campeonato espanhol, italiano...são jogos diferentes, tem equipes que tem quase um jogador de cada país...assisto de tudo.
E aqui em Pelotas algumas vezes vou ao estádio também, acompanhar ao vivo.
Neste ponto da entrevista, Orcina lembra que assistiu a um jogo do time de Futebol de Salão do Bagé, em Sta. Vitória do Palmar:
“Na ocasião conversei com o diretor do departamento de Futebol de Salão do Bagé, o Paulinho (Paulo Vieira). Manda um abraço pra ele!”
Sobre a administração no futebol atual:
Orcina depois de sair do futebol profissional trabalhou como treinador em Santa Vitória do Palmar e nesta época chegou a manter contato com o Bagé:
“Levei quatro jogadores pra lá”.
“O trabalho de base é muito importante, tem que ter abnegados, gente que goste de futebol de verdade, porque não é fácil, mas traz resultados. Tem que ter paciência porque os resultados são a longo prazo. Daí necessita de tempo para formar realmente um jogador, alguns gastos, mas se de cada 5 tu tiras 1 (jogador formado), é lucro.
Claro, para isso tem que ter estrutura: pensar é uma coisa, fazer é outra, eu sei disso. Antigamente até os grandes times tinham a base feita em casa. (Orcina cita a escalação do time do Inter campeão brasileiro nos anos 70, como exemplo. Apenas 3 jogadores não eram prata da casa).
Dá para trazer jogadores de cidades vizinhas também, trazer gente de Santa Vitória, por exemplo, lá tem bons jogadores. O Élton Corrêa é de lá, bom jogador (Orcina conta sobre a passagem de Élton pelo Grêmio Porto Alegrense).
Apesar de sua visão sobre trabalho de base, Orcina não pensa em voltar ao futebol em outra função:
“ Não, não voltaria...agora acompanho só assistindo mesmo”.
Sobre algumas matérias jornalísticas que o citam como jogador violento, Orcina discorda e explica:
“Eu era um jogador de marcação. Era minha função, utilizava o corpo (Orcina tem 1,83m de altura), marcava forte, essas coisas, mas jogava futebol. E não havia isso de entrar para quebrar a perna. Estas coisas não se planejam, até pode acontecer, numa fatalidade, mas ninguém fica planejando isto.
Uma vez chegou a sair publicado num jornal que o pai do Falcão (jogador do Inter, nos anos 70) tinha ido atrás de mim armado, pois eu havia declarado que iria quebrar a perna do Falcão. Isto nunca aconteceu, nem o pai do Falcão fez isto, e eu nunca dei alguma declaração deste tipo. É como eu disse antes, estas coisas podem acontecer numa infelicidade, mas nunca ninguém iria declarar isto, planejar. Nada disso ocorreu, mas contaram como se fosse verdade, anos depois.
Uma mensagem para a torcida jalde-negra:
“Um grande abraço para todo mundo.
Desejando que o Bagé suba!...sou Bagé, mesmo!”
Orcina.
Agradecimentos do site :
Orcina e seus familiares, pela recepção e gentileza.
Luisi Ribeiro Teixeira, torcedora jalde-negra autora da foto de Orcina na data da entrevista. A foto foi cedida gentilmente ao site jalde-negro por Luisi.
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